Seminário de S. Paulo

Seminário de S. Paulo

O Seminário de S. Paulo encontra-se instalado no antigo Mosteiro de S. Paulo, da Ordem de São Domingos, fundado em 1569 por frei Francisco Foreiro, provincial da Ordem e confessor dos reis D. João III (1521-1557) e D. Sebastiãi (1557-1578). Inclui, além da igreja e do edifício de habitação, uma antiga propriedade agrícola sobranceira ao Tejo, vedada por um muro, que se estende até ao Cristo-Rei.

O terramoto de 1755 provocou bastantes estragos no convento, mas provavelmente poupou a sacristia, que encontramos coberta por abóbada de aresta e completamente revestida com azulejos de padrão, seiscentistas. Esta é, também, a capela mortuária do fidalgo António Gouveia, que no seu testamento, celebrado em 1638, se obriga a custear as despesas do novo altar, realizado nos meados do século XVII, com um belo frontal de azulejos, com aves do paraíso, gamos, coelhos, etc., fortemente inspirado pelos tecidos estampados indianos, e uma das grandes marcas do exotismo oriental na cerâmica portuguesa. Sobre a mesa do altar, um quadro, com excessivos repintes, apresenta-nos o milagre eucarístico de Santo António.

A ampla igreja do mosteiro, de uma só nave, coberta por uma abóbada de berço, foi totalmente reconstruída, provavelmente entre os anos de 1760 e 1770, e conserva o imponente retábulo da capela-mor e os dois altares colaterais do mesmo período. Os belos painéis de azulejos, policromos, com os momentos mais importantes da história sagrada da Ordem de São Domingos, sublinham a protecção constante de Nossa Senhora e revelam um elaborado programa das imagens, indicado ao pintor de azulejos e transcrito em cada uma das cartelas, na zona inferior dos painéis.

Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o mosteiro e a quinta foram adquiridos pela família Palyart, mudando de mãos mais uma vez em 1889, quando são comprados pela família Ferraz. Voltam à posse da Igreja em 1934, ano em que o Patriarcado de Lisboa inicia obras para a instalação do Seminário que permitem a transferência para São Paulo de uma importante colecção de azulejos, que inclui notáveis painéis retirados da nave da Sé de Lisboa, onde a pintura de uma arquitectura fingida enquadra monumentais cartelas com emblemas alusivos a São Vicente, uma obra atribuível à parceria de Manuel dos Santos com o pintor P.M.P.

São também daquele templo, mas de uma capela dedicada a São Sebastião, as composições ornamentais “de brutesco”, datadas de 1706, que se encontram actualmente aplicadas nas salas de estudo e na biblioteca, no piso superior. Na zona exterior do pátio e na sala do refeitório foram aplicados quatro monumentais painéis com passagens da História de Tobias, dos princípios do século XVIII, que o historiador Santos Simões atribuiu ao pintor Gabriel del barco, e que por si só justificariam uma visita ao antigo mosteiro dominicano.
in “Almada e o Tejo”, Centro de Arqueologia de Almada (1999)

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