Farol de Cacilhas

O santuário do Cristo Rei, situado no planalto de Almada, na antiga Quinta do Pau da Bandeira, no Pragal, constituí uma das maiores atrações turísticas do concelho. É um monumento, cuja construção se destaca na paisagem, não só pela sua grandiosidade, como também pelo simbolismo.

A ideia da sua construção remonta a Setembro de 1934, depois do cardeal Cerejeira, então Patriarca de Lisboa, visitar o imponente monumento erguido a Cristo no alto do Corcovado, sobre o Rio de Janeiro. Quando chegou a Portugal teve o propósito de propor a erecção de um monumento semelhante. Assim, numa conferência do Episcopado Português, realizada em Fátima, 20 de Abril de 1940, os bispos portugueses aprovam a ideia do monumento, caso o  país fosse poupado de participar na 2.ª Guerra Mundial. Desde logo, foi posto em marcha uma campanha nacional de angariação de fundos.

Após a compra do terreno em 1941, a construção do monumento demorou dez anos, de 1949 até 1959. A 17 de Maio deste último ano, o monumento foi inaugurado com a participação do Episcopado Português, dos cardeais do Rio de Janeiro e de Lourenço Marques (hoje, Maputo) e de mais de trezentos mil pessoas, entre as autoridades oficiais e cidadãos anónimos.

O Santuário de Cristo Rei situa-se a uma altitude de cento e treze metros acima do nível do Tejo, (ver a reprodução da foto da autoria de Mário Gomes), sendo constituído por um pórtico projectado pelo arquitecto António Lino, com setenta e cinco metros de altura, encimado pela estátua de Cristo Rei de braços abertos, da autoria do escultor Francisco Franco de Sousa, com vinte e oito metros de altura. Sob a estátua, ocupando um quinto da altura pedestal, encontra-se a Capela de Nossa Senhora da Paz, da autoria do arquitecto António Lino, com entrada para a fachada norte. A imagem de Nossa Senhora é obra do mestre Leopoldo de Almeida.

O monumento passou, em 1999, a ser tutelado pela Diocese de Setúbal, que assumiu as obras de restauro, nos anos de 2001 e 2002. Poucos anos depois, ocorreram outras  remodelações, como a Capela, em 2006, sendo alterado a Capela-Mor e a Capela do Santíssimo Sacramento. Nestes melhoramentos contou-se com a colaboração do arquitecto João de Sousa Araújo. No decorrer dos anos, houve a criação de novos espaços do interior e exterior do Santuário. É o caso do miradouro que proporciona magníficas vistas panorâmicas sobre a cidade de  Lisboa, o Rio Tejo e a Ponte 25 de Abril, para além da visita às catorze estações da Via-Sacra de Jesus.

Esta resenha sobre o Cristo Rei não esgota, de modo nenhum, a sua história. Atravessam-na outras histórias, tantas vezes entrelaçando-se figuras, episódios e protagonistas.

Para quem nunca visitou este grandioso monumento, aconselhamos a sua visita ao Pragal. De certeza, que vão contemplar o monumento que é um dos ícones da cidade de Almada e, em princípio, o seu monumento mais conhecido e visitado.

Alexandre Flores

Bibliotecário e Historiador